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Como vacinar contra os problemas comportamentais?


À semelhança da preocupação que sempre temos, com os cuidados básicos de saúde física dos nossos animais – como as vacinações e desparasitações -, é também de extrema importância cuidar da sua saúde emocional, cognitiva e, consequentemente, comportamental. Sabia que, quando falamos em Comportamento Animal, e na prevenção dos seus problemas, também podemos, de certa forma, falar na sua “vacinação” e nas suas “desparasitações”?


Existe um período, no início da vida dos animais, chamado de “período de sociabilização”, que se estende até cerca dos 3 meses nos cachorros, e até às 7 semanas nos gatinhos. Durante este período, o animal é como uma pequena esponja, muito permeável e receptivo aos acontecimentos à sua volta e a novas experiências. É, portanto, o período ideal para o apresentar a uma grande variedade de contextos, pessoas, animais, objectos, sons, etc., especialmente àqueles que terá mais probabilidade de encontrar ao longo da sua vida. Apenas temos que ter em atenção que esta apresentação deverá ser gradual, tendo sempre em consideração se o animal está confortável com a situação, e proporcionando boas associações com saborosos biscoitos, o seu brinquedo preferido, ou os mimos da família.


Após contactar adequadamente com todos estes estímulos, ao encontrá-los na sua vida futura, o animal irá reconhecê-los e mais facilmente lidar com eles de forma apropriada. Por essa razão, este período de sociabilização é tão importante para evitar problemas comportamentais no futuro, que podemos considerá-lo como que uma vacinação para esses problemas.


E quando este período se fecha? Será tarde demais para o meu animal? Irá desenvolver, certamente, problemas comportamentais no futuro?


Por um lado, os animais, tal como nós, são todos diferentes. Por outro lado, também como nós, têm uma grande capacidade de continuar a aprender ao longo da vida. Isto significa que, não tendo tido uma sociabilização adequada, alguns animais poderão vir a lidar tranquilamente com os estímulos do seu dia-a-dia, sem necessitarem de atenção especial, enquanto outros poderão demonstrar receio, por exemplo.


O importante é estarmos atentos aos sinais e manter a mesma forma de apresentação dos estímulos que foi referida acima. Em caso de dúvida, não hesite em procurar um profissional que utilize métodos baseados no reforço positivo, ou seja, que trabalhe apenas com recompensas e não com castigos verbais ou físicos. Esta ajuda é muito importante, pois quanto mais cedo, e adequadamente, estas questões forem abordadas, maior é a possibilidade (e a rapidez) da sua resolução.


Mesmo nos casos em que o animal passou por um período de sociabilização adequado, existem cuidados que se devem manter durante toda a vida.


São como uma manutenção do bom funcionamento emocional e comportamental do animal. Como uma “desparasitação” para os pequenos desafios do dia-a-dia. Um animal emocionalmente equilibrado irá lidar mais facilmente com estes desafios, e cabe-nos a nós proporcionar as condições para manter esse equilíbrio. Para tal, basta respeitar, diariamente, as necessidades básicas de qualquer animal: estimulação física, estimulação social e estimulação mental.


Parece complicado? Na realidade, é muito fácil. No caso dos cães basta…passear! Sim, um passeio não serve apenas para satisfazer as necessidades de eliminação. Em cada passeio conseguimos satisfazer também a necessidade de exercício físico, que não tem que corresponder, obrigatoriamente, a grandes corridas ou a apanhar bolas sem parar. Uma boa, e tranquila, caminhada pode fazer milagres, especialmente nos cães mais agitados. Nesta caminhada, também serão satisfeitas as necessidades sociais, pelas pessoas e animais que se cruzam connosco, e ainda as necessidades de estimulação mental, quando permitimos que o cão utilize o olfacto, por exemplo.


Esta talvez seja a questão mais negligenciada pelas famílias: deixar o cão cheirar. Utilize o tempo disponível para o passeio, que muitas vezes é escasso, para deixar o cão cheirar ao seu ritmo, mesmo que não percorra uma grande distância! É desta forma que ele recebe muita da informação disponível no ambiente que o rodeia, o que lhe vai “pôr a cabeça a trabalhar”. Uma grande vantagem desta actividade, é o cansaço que este trabalho mental provoca, deixando o animal muito tranquilo e a procurar repousar.


Para além dos passeios, tanto para cães como para gatos, podemos fazer brincadeiras em casa para colmatar as necessidades físicas, manter o contacto com pessoas e animais de forma a satisfazer as necessidades sociais, e utilizar estratégias de enriquecimento ambiental (trabalho de faro, brinquedos interactivos) ou sessões de treino, por exemplo, como forma de estimulação mental.


Se tem um cachorro/gatinho, ou um animal adulto com um problema comportamental, estas sugestões são especialmente para si.


Não deixe de satisfazer as referidas necessidades básicas, e de sociabilização, pois farão toda a diferença no desenvolvimento e na educação do seu animal, de uma forma equilibrada.


Procure sempre a ajuda de um profissional habilitado. Poderá entrar em contacto connosco aqui!

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